11/10/08. 12 anos sem Renato. A gente cresce, sem dúvida, mas minha adolescência foi “Que País é Este” e o post de hoje é em homenagem a um dos maiores letristas nacionais, àquele cujas letras se encaixavam na vida de cada um, revelando momentos especiais, fossem de amor, revolta ou amizade. Renato cantou a nossa história, não só pessoal, mas a do país.
Renato cantou a fúria engasgada, a intelectualidade estagnada do final do governo militar. O movimento de 64 tinha sido lançado, ao menos era o que se dizia, para livrar o país da corrupção e do comunismo visando à restauração da democracia. No entanto, sob a justificativa “do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as revoluções” (Boris Fausto, 1995) os Atos Institucionais (AI) foram criados e os brasileiros se viram diante de um golpe militar que viria a perseguir e matar vários militantes intelectuais da época.
Enquanto Renato era felicitado em março de 1979 por ter recebido a notícia que o jornal inglês Melody Maker publicara uma carta sua, pranteando o recém-falecido Sid Vicious, baixista do Sex Pistols, ao mesmo tempo tomava posse o Presidente Figueiredo, ex-chefe do Gabinete Militar de Médici e chefe do SNI.
O primeiro show do Aborto Elétrico, primeira banda de Renato, ocorrido em janeiro de 1980, testemunharia um momento histórico curioso, qual seja o de ver que o homem indicado para continuar a liberalização brasileira fosse justamente o responsável pela chefia de um órgão repressivo.
No Brasil começava também o movimento punk com o objetivo, consciente ou não, de devolver o poder às mãos do povo. Na Brasília do final dos anos 70 esta era sem dúvida uma idéia subversiva, tanto literal quanto simbolicamente. Nesse contexto, o novo rock brasileiro – não somente do pessoal de Brasília, mas também o da Blitz carioca e do Ultraje a Rigor paulista – iria testar a elasticidade dessa abertura. Não pode existir rock onde há censura. (Arthur Dapieve, 2000).
“Brasília fervilhava de filhos de professores universitários e de diplomatas, brasileiros e estrangeiros. Estavam entre os primeiros André Mueller e seu irmão Bernardo, Felipe Fê Lemos e seu irmão Flávio, Carlos Augusto Gutje Woorthmann. Entre os outros, por vezes chamados de itamaratecas, estavam Felipe Bi e Pedro Ribeiro, Fernando Dinho e Afonso Ico Ouro Preto, Eduardo Dado Villa-Lobos. Entre os filhos de diplomatas estrangeiros estavam Philippe Seabra e André Pretorius, filho do embaixador da África do Sul no Brasil. Havia ainda os filhos de militares, Herbert Vianna e Renato Negrete (ou Billy) Rocha, por exemplo. (…) Nesse quadro anglófono e anglófilo, havia uma exceção: Eduardo Villa-Lobos, nascido em Bruxelas, na Bélgica, quando seu pai lá servia como diplomata, fora alfabetizado em francês.” (Arthur Dapieve, 2000, p. 31).
Esse grupo reunido tinha que dar “samba”, melhor, rock, como deu. Do grupo nasceram os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Erva Venenosa e outros.
Particularmente, tive a sorte de ter ido a um dos melhores shows da Legião, o de 09 de outubro de 1994 no Metropolitan, atual Citibank Hall no Rio de Janeiro, pela turnê do disco “O Descobrimento do Brasil”.
Renato Russo morreu no dia 11 de outubro de 1996,em conseqüência de complicações causadas pela Aids. Era soropositivo desde 1990, mas jamais revelou publicamente sua doença. Seu corpo foi cremado e suas cinzas lançadas sobre o jardim do sítio de Roberto Burle Marx conforme suas próprias instruções.
Segue uma homenagem feita por Renato Negrão.
11 de Outubro
Autores: Luciano Loiola/Renato Negrão
Cantor: Renato Negrão
Hoje ninguém sorriu
Nem mesmo o sol surgiu
Não há palavras que possam explicar
Nada pode confortar
Quando se perde alguém
E na ausência da flor
O que ficou são sintomas de dor
E ao chegar à primavera
As portas estão fechadas
A pele quer ser tocada
No cair da tarde
Sinto tua ausência
E sei que o céu
Ganhou mais uma estrela
E todas as lágrimas
Sobre o poema do cantor
Que disse ser preciso amar
Como se não houvesse amanhã
E uma multidão está solitária
Eduardo e Mônica choram por você
E essa ou qualquer
Outra geração
Sempre vai chamar
Por LEGIÃO URBANA ..
Para ouvir a música, visite http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/renatonegrao/
Renato Russo
27/03/1960 – 11/10/1996
Discografia:
Legião Urbana, 1985
Dois, 1986
Que país é este 1978/1987, 1987
As quatro estações, 1989
V, 1991
Música para acampamentos (álbum duplo ao vivo), 1992
O descobrimento do Brasil, 1993
The Stonewall celebration concert (solo), 1994
Por enquanto (caixa de metal com 6 CD’s), 1995
Equilíbrio Distante (solo), 1995
A tempestade, 1996
Uma outra estação (póstumo), 1997
O último solo (póstumo), 1997
Mais do mesmo (antologia póstuma), 1998
Acústico MTV (ao vivo póstumo), 1999
Renato Russo (antologia póstuma da Série Bis), 1999
Como É que Se Diz Eu Te Amo, 2001 (póstumo)
Série Identidade: Renato Russo, 2002 (coletânea)
Para Sempre, 2002 (coletânea)
Presente, 2003 (póstumo) (150 mil cópias vendidas)
O Talento de Renato Russo, 2004 (coletânea)
As Quatro Estações ao Vivo, 2004 (póstumo)
Série Bis: Renato Russo – Duplo, 2005 (coletânea)
Durante todo o tempo na Legião, estima-se que a banda tenha vendido cerca de 15 milhões de discos no país, além de continuar vendendo até hoje, há mais de uma década após ter sido desfeita.
OI!
Até que enfim uma coisa boa neste site.
Renato Russo, que esteja no seio de Abrãao.
Maranata!
Oi Juliana..parabéns..pelo texto lindo…que escreveu sobre o grande Renato Russo…e sinto um órfão..desde dia 11 de outubro…mais mato a saudade ..ouvindo os grandes sucessos do Renato com Legiao…e fiquei muito feliz …por ter citado a homenagem que eu e meu parceiro ..Renato negrão…fizemos….muito obrigado..sempre…Luciano Loiola.
ti amo renato!!!!!!!!!