O final de Fina Estampa pecou. Atente que não me refiro a excelência da qualidade técnica em geral, já que mais uma vez a Rede Globo se superou. Parabéns à teledramaturgia brasileira, cada vez mais digna de exportação. Refiro-me ao conteúdo, enredo e abordagem de questões sociais. A Ester tinha que ficar com a Vitória? Sem dúvida, não precisava nem ter esperado o último capítulo. A filha da taxista também tinha que casar com o modelo? Tinha também, mas também não precisava ter esperado tanto. Talvez o tal segredo de Teresa Cristina sim, tivesse que ter sido deixado para o final, se fosse outro, é claro. Fraco também o final da mocinha da Fashion Moto.
O que incomoda mesmo é que diante da política denuncista que cada vez mais cresce no país, em semana de denúncia em licitações, prática tão enraizada que não pensei que fosse viver para ver denunciada, o que o povo quer mesmo é ver o mal se dar mal, assim como os preconceitos diminuírem. Será que Teresa Cristina tinha mesmo que se dar bem no final? Achei que Aguinaldo já tivesse superado o final de Vale Tudo, enganei-me. Apesar de Aguinaldo achar que não, espero que esse tipo de mentalidade, no que diz respeito ao povo brasileiro, tenha ficado para trás. Será que o Crô realmente não poderia ter ficado com o machão do Zoiudo? Teria sido um tapa no preconceito, mas talvez Aguinaldo não quisesse mexer nesse vespeiro, uma pena, uma oportunidade perdida por quem tem voz. Vá lá, a novela das “oito” da Globo que sempre puxa para si o argumento de levantadora de polêmicas e questões sociais dessa vez permaneceu morna, e nisso, pecou.
"Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate" 